“O PAPEL DO DIRIGENTE ESCOLAR, CAPAZ DE CONSTRUIR
COLETIVAMENTE COM O GRUPO UM PROJETO DE ESCOLA PAUTADO PELO MODELO
DE GESTÃO DEMOCRÁTICA”.
Eleição
para dirigente escolar municipal: um importante passo para construção da gestão
democrática.
O processo de redemocratização, iniciado aqui no
Brasil em meados da década de 80, fez com que ganhassem representatividade os
movimentos sociais mais populares, alavancando as ações da sociedade civil
organizada promovendo ações baseadas numa perspectiva instigar o exercício da
cidadania e de ampliação de direitos individuais e coletivos, tendo como
reflexo a provocação de mudanças significativas no cenário sócio político tanto
em âmbitos regionais e locais, como nacionais.
Na Educação isso se consolidou por meio da
própria Constituição Federal (1988), em seu capítulo que trata da educação e da
nova LDB promulgada em dezembro de 1996. É no corpo dessas leis, que se
encontra, dentre outras questões, determinações e indicações acerca da Gestão
Democrática nas escolas.
A gestão democrática dos sistemas de ensino e das
escolas públicas se coloca hoje como um dos princípios para a qualidade da
educação pública gratuita e como exercício efetivo da cidadania, sendo sua
concretização um dos maiores desafios.
Ela está estritamente ligada à concepção e à prática
de uma educação emancipatória, pela qual lutamos cotidianamente e tem como um
de seus fundamentos a autonomia. Escolas e cidadãos privados de autonomia não
têm condições de atuar de forma plena, no contexto de uma gestão participativa
e democrática.
Essa construção perpassa por todo o processo
educacional: da sala de aula à Secretaria de Educação. Temos vivenciado
no governo municipal, práticas que não corroboram com a concepção da gestão
democrática, muito pelo contrário, a negam, ainda, utilizam dos mecanismos
democráticos e instrumentos institucionais para impor suas definições e sua
política atrasada de gestão pública.
Por outro lado, acompanhamos a resistência de
companheiros/as que compreendendo a gestão democrática como princípios básicos
da escola pública buscam assumir coletivamente, nas unidades escolares o
processo decisório e colaborativo para a construção de uma educação de
qualidade social.
Um dos passos para a efetivação da gestão
democrática é a escolha de dirigentes escolares pela própria comunidade
escolar, excluindo as indicações e os apadrinhamentos políticos. Sabemos
perfeitamente que essa escola por si só não garante a ampliação da gestão
democrática, mas é um indicativo importante para o desenvolvimento de melhores
condições para a democracia na escola.
No processo de eleição deve ser garantida a
participação de todos/as envolvidos/as: pais, mães, estudantes e profissionais
em educação. Tomando como referência esse mecanismo é preciso que a própria instituição escolar transforme sua cultura na perspectiva tomando toda forma de diálogo como igualitário,
considerando a horizontalidade das relações e do equilíbrio entre as forças que
compõem a comunidade escolar, assim a gestão torna-se um processo de constante
construção coletiva.
Esta perspectiva de gestão também encontra amparo na
legislação. A Constituição
Federal de 1988 aponta a gestão democrática como um
dos princípios para a educação brasileira e obrigatória para a educação
pública, sendo regulamentada por pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB 9394/96). No âmbito municipal
temos a Lei Orgânica do município que traz em seu art. 141 a gestão democrática
como princípio; a Lei Complementar 90/10 que aponta, na Seção V, a consulta à
comunidade escolar para direção das unidades.
A luta pela gestão democrática em Contagem tem
história e as primeiras experiências de eleição para diretores escolares, na
rede municipal de ensino tiveram início em 1991 em decorrência do movimento de
professores ao longo dos anos 1980, numa reivindicação intensa pela democratização
da escola pública. Em 1991, após uma greve histórica de trabalhadores/as,
organizados/as pelo Sind-UTE, estabeleceu-se como principal exigência da
categoria, a participação da comunidade na escolha do dirigente escolar.
Desde então, a escolha do/a diretor/a é realizada
mediante consulta à comunidade, com critérios sempre mais abrangentes e
qualificantes para o pleito.
Embora já tenha previsão na legislação municipal, o
processo é regulamentado por resolução conjunta, construída pela Secretaria Municipal
de Educação e por representação legal dos/as trabalhadores/as em educação
(Sind-UTE Contagem), onde são definidos critérios, data e todos os detalhes da
consulta. A última eleição foi regulamentada pela Resolução de Nº 001/2012, que
estabelece o mandato por três anos, encerrando-se o mesmo agora em 2015, quando
a rede municipal passará por novo processo de escolha de seus dirigentes.
Então é o momento dos/as trabalhadores/as
aprofundarem os debates sobre a gestão democrática, buscando cada vez mais o
aperfeiçoamento do processo, garantindo mais essa importante conquista
histórica da categoria, que foi forjada no suor e na luta de muitos/as
companheiros/as. Entendendo que o protagonismo de cada um ou uma é necessário
para o sucesso de todo um coletivo que engloba e deve considerar desde sua
comunidade local e suas peculiaridades, até a concepção político - ideológica
que representa a escola pública e sua função social.
"É porque se integra - na medida em que
se relaciona, e não apenas se acomoda - que o homem cria, recria e
decide."
Paulo Freire
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